Naquela manhã, ela só queria ficar bem. E ao seu lado ele lhe dava muito carinho.
Na mesa da biblioteca os dois partilhavam o mesmo livro, partilhavam o mesmo entendimento, e quem sabe, o mesmo sonho.

Na estante da biblioteca se encontrava um livro grosso de capa azul, que ele odiava e ela gostava. Suas mãos se encontraram e o calor dela passou para ele , um breve sorriso pôde ser visto do rosto dela quando o ouviu dizer que suas mãos só estavam frias porque esperavam o calor das mãos dela. Ela nunca havia ouvido algo do tipo, então ela se envergonhou e tentou desviar sua vergonha lendo mais um trecho daquele livro.
Ele foleou o livro, até encontrar um titulo que o chamasse atenção. Quando achou, leu com uma voz focada, com seus braços envoltos dela, envolvendo-a também na leitura, e a cada palavra, frase ou sentença, ela se encontrava mais envolta ao livro, ao conto, e ao garoto que a abraçava.
Terminado assim, ela procurou um, e com o mesmo intuito leu pra ele outro conto do mesmo livro.
Olhando de canto, ela pôde ver a concentração dele ao ouvi-la falar, suas mãos, a cada folear de páginas se encontravam, e ela sentia a mão dele mais quente.
Terminaram de ler e se encontraram ali, estáticos, ela olhava o relógio, não queria que o tempo passasse. E ele olhava pra ela, sem que ela percebesse.
Ela se aconchegava nos braços dele, e ele afagava seus cabelos, tocava seu rosto, a fazendo se sentir segura, protegida.
Ela tentava retribuir o carinho, mas seu jeito, apesar de impulsivo não deixava que ela agisse sem antes pensar nas consequências. Não podia imaginar a tristeza que seguiria se o que ela imaginava desse errado, se sua ação inconsequente ocasionasse um transtorno na sua amizade.
Ele foleava o livro, ela foleava sua mente, olhava pra ele, prestava atenção em cada detalhe e num súbito ato longamente pensado, beijou-lhe o ombro e se encostou mais nele.
Ele pegou-lhe as mãos, as beijou e lhe disse:
EU TE AMO.