terça-feira, 20 de setembro de 2016

ESTRELAS

E olhando pro céu sua história começa.
Na verdade sua história já havia começado, porém, naquele instante seus olhos se abriram, e por isso ela diz que ali começou sua vida.
Ela passava as suas noites de insônia contando as estrelas, e a cada uma atribuía uma história. Cada ponto brilhante tornava-se um portal para um universo paralelo, mas claro que tudo na imaginação dela.
Quem diria que um dia, as histórias que ela atribuía às estrelas se tornassem reais.
Quem diria que no outro lado da cidade haveria alguém que assim como ela, também atribuía histórias às estrelas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Engano

Creio que fui enganada, não posso crer que esse é o resultado de crescer.
Quando mais nova a paixão por livros fluiu, e junto dela uma construção de pensamentos sobre o futuro inigualável.
Nasci na cidade grande, e não viajava muito pra roça, porém assistir o sítio do pica pau amarelo me fez imaginar uma roça diferente, repleta de aventuras e explorações, mas a realidade para quando eu fui a primeira vez a uma área rural não foi bem assim. Me decepcionei? Talvez, mas a imaginação me fez ver o lado bom das coisas, e o inicio do amadurecimento me fez ver que toda aquela fantasia não é muito habitual.
Passado os anos, meu gosto literário foi mudando,  e no lugar dos contos de fadas foram surgindo os romances.
Diferente das meninas no inicio da adolescência, a escolha de romances não me fez sonhar com um romance perfeito, muito pelo contrário. Acho que é por causa da trágica literatura nacional. Sim, os nacionais com seus finais a lá Romeu e Julieta me fizeram não idealizar tanto assim um romance perfeito, afinal, não quero eu terminar como Bentinho de Dom Casmurro.
Pensando agora, eu acho que não fui enganada, mas sim tive uma falsa idealização do futuro.
Chega de romances clichês, e que venham mais biografias contando o futuro.

terça-feira, 19 de julho de 2016

PARA ALGUÉM QUE JÁ AMEI

19 DE JULHO DE 2016


Senhor entregador, quero que cuide dessa carta.
 Por favor entregue nas mãos daquele que já amei, não é difícil de reconhece-lo. Ele possui os mais belos olhos castanhos, seus cabelos são pretos e seu rosto é de sedutor.
Ele agiu de má fé comigo. Me disse coisas que eu esperava ser pra sempre, seus juramentos eram de amor eterno, mas agora pergunte pra mim se ele cumpriu algum?
Mas a boba foi eu, aguentei tudo calada. Sofria sozinha, era lamentável.
 Eu só fiz um favor quando embrulhei todas as mágoas e quero lhe devolver. Eu as achei quando estava dando uma faxina no meu coração, quando as achei resolvi devolve-las. Afinal não terei nenhum proveito guardando-as. 
Assim, as entregue de volta, acho justo que ele as tenha de volta, pois dos momentos que passamos juntos as mágoas são as ultimas coisas que quero carregar.
Ao ler esse bilhete você já percebeu para quem é. 
Todas as magoas dou para você senhor entregador.
 Pois foi você que me entregou da primeira vez e agora só faço o favor de devolver.

terça-feira, 12 de julho de 2016

O LIVRO DA CAPA AZUL

Naquela manhã, ela só queria ficar bem. E ao seu lado ele lhe dava muito carinho.
Na mesa da biblioteca os dois partilhavam o mesmo livro, partilhavam o mesmo entendimento, e quem sabe, o mesmo sonho.
Na estante da biblioteca se encontrava um livro grosso de capa azul, que ele odiava e ela gostava. Suas mãos se encontraram e o calor dela passou para ele , um breve sorriso pôde ser visto do rosto dela quando o ouviu dizer que suas mãos só estavam frias porque esperavam o calor das mãos dela. Ela nunca havia ouvido algo do tipo, então ela se envergonhou e tentou desviar sua vergonha lendo mais um trecho daquele livro.
Ele foleou o livro, até encontrar um titulo que o chamasse atenção. Quando achou, leu com uma voz focada, com seus braços envoltos dela, envolvendo-a também na leitura, e a cada palavra, frase ou sentença, ela se encontrava mais envolta ao livro, ao conto, e ao garoto que a abraçava.
Terminado assim, ela procurou um, e com o mesmo intuito  leu pra ele outro conto do mesmo livro.
Olhando de canto, ela pôde ver a concentração dele ao ouvi-la falar, suas mãos, a cada folear de páginas se encontravam, e ela sentia a mão dele mais quente.
Terminaram de ler e se encontraram ali, estáticos, ela olhava o relógio, não queria que o tempo passasse. E ele olhava pra ela, sem que ela percebesse.
Ela se aconchegava nos braços dele, e ele afagava seus cabelos, tocava seu rosto, a fazendo se sentir segura, protegida.
Ela tentava retribuir o carinho, mas seu jeito, apesar de impulsivo não deixava que ela agisse sem antes pensar nas consequências. Não podia imaginar a tristeza que seguiria se o que ela imaginava desse errado, se sua ação inconsequente ocasionasse um transtorno na sua amizade.
Ele foleava o livro, ela foleava sua mente, olhava pra ele, prestava atenção em cada detalhe e num súbito ato longamente pensado, beijou-lhe o ombro e se encostou mais nele.
Ele pegou-lhe as mãos, as beijou e lhe disse:
EU TE AMO.